segunda-feira, 13 de maio de 2013
GENTE OLHA SÓ QUE REPORTAGEM INTERESSANTE QUE ENCONTREI SOBRE O CRESCENTE USO DA INTERNET PELO CELULAR, VALE A PENA LER!!!
O analista de comunicação Thiago Iamnhuque, 26, sente-se nu às vezes, mesmo vestido. Isso acontece quando ele está sem os 178 gramas do smart-phone, que é, hoje, praticamente uma extensão da sua mão. “Soa até um pouco ridículo, mas faz parte do meu dia a dia”, diz ele, que não se imagina mais sem esse “pedaço” do corpo.
A vida de Thiago integrou-se de forma acelerada à internet do celular assim como a de milhões de paulistas. Atualmente, 20% dos 33 milhões de chips habilitados na área de código 11 -que, além da capital, abrange 63 municípios do Estado- têm tecnologia 3G, segundo a Anatel. Há um ano, essa fatia beirava os 9% e, em 2009, resumia-se a 1%. A alta em três anos foi de 1.635%. A invasão dos smartphones mexeu com a cabeça dos paulistanos e com a rotina na cidade. É só olhar em volta: no trânsito, na reunião de trabalho, nas calçadas, nas salas de espera de hospitais, nos banheiros, nos restaurantes, na balada, na fila do supermercado -discretos ou não, muitos estão vidrados na telinha do celular.
Em comparação com o aparelho convencional, o smartphone, com mais atrativos, cria uma relação mais intensa com o dono, às vezes até de dependência. Esse comportamento já está chamando a atenção de psicólogos e psiquiatras, que tentam definir a barreira entre excesso e normalidade.
“Começam a pipocar casos preocupantes de relação absurdamente descontrolada”, diz Cristiano Nabuco, do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas. “Uma paciente de 17 anos pegou um voo para Ilhéus (BA) e, quando chegou lá, se deu conta de que estava sem o telefone”, conta. “Ela teve crise de abstinência, começou a chorar. Só saiu [do aeroporto] quando a mãe mandou o aparelho, em outro voo.”
Nabuco revelou à sãopaulo que coordena estudos sobre o tema para estruturar no instituto, no próximo semestre, o primeiro serviço de atendimento voltado para dependentes de celular no país (leia mais à pag. 42). No Rio, a psicóloga Anna Lúcia Spear King, da UFRJ, recruta voluntários para tentar distinguir a dependência normal da patológica. “A normal todos têm. Quem não gosta de ter um celular à disposição?”, indaga. O segundo caso pode chegar acompanhado de transtornos de ansiedade. “A pessoa sai, leva o telefone e não desgruda dele com medo, por exemplo, de passar mal.”
A discussão repete-se no exterior, diz a psicóloga Luciana Ruffo, do Núcleo de Pesquisas da Psicologia em Informática da PUC-SP. “Acredita-se que, na revisão do manual americano de transtornos mentais [em 2013], será incluída a dependência de tecnologia.”
Certezas
Há dúvidas acerca de consequências e sintomas dessa mania, mas a mudança que o smartphone está promovendo na vida de seus donos -e na paisagem da cidade- é uma certeza.
“Durmo com o celular debaixo do travesseiro”, assume o webdesigner Renato Bongiorno, 28, que checa e-mails até durante a noite. Ao acordar, ainda na cama, confere Twitter e Facebook. Levanta-se e, dali em diante, repete o ritual no caminho para o trabalho, no almoço, no jantar.
“Já aconteceu de o 3G cair e eu ficar perdido”, afirma Renato. “Você se sente desarmado. Parece que vai acontecer tudo e você não vai ficar sabendo, que vão lhe mandar o e-mail mais importante da sua vida e você não vai conseguir acessar.”
A bancária Renata Larsson, 29, conta que, há dois meses, teve o iPhone roubado e precisou, por uma semana, contentar-se com um aparelho à moda antiga -só ligações. “Fiquei quase doida”, lembra. “Não me acostumo nunca mais. Eu me sentia perdida. Não tinha WhatsApp [aplicativo para trocar mensagens] nem Facebook. Foi bem tenso.”
Entre casais, smartphone virou mais um motivo de briga. Cassiano Yamamoto, 31, diverte-se ao indicar a amigos e parentes onde está por meio do aplicativo Foursquare. “Dou ‘check-in’ em todas as estações de metrô em que passo, de casa até o escritório”, orgulha-se, para desespero da mulher, Pamela Marquez, 27. “Se ele está no supermercado, põe que está no supermercado. Se chega em casa, põe que está em casa. Isso me irrita muito”, reclama ela. “Ninguém quer saber onde estamos. Acho isso muito chato.”
Alessandra Milauskas, 34, e Marcello Mezzanotti, 38, discordam sobre o tempo dedicado ao aparelho. “Só uso para fazer ligação e receber. Ele é o contrário. Basta um comercial na TV para puxá-lo e checar os e-mails”, diz ela. “Puxo do bolso uma vez a cada meia hora e fico cinco minutinhos no máximo”, minimiza ele.
Fora das quatro paredes, as queixas entre amigos são parecidas. “Tem três pessoas na mesa e uma fica no celular. Ela não está nem aí para o que estamos conversando. Então, por que foi?”, questiona o analista de sistemas Raphael Torres, 28. Atenção dividida Sedutor por oferecer diversão e informação, o smartphone canaliza as atenções e diminui a capacidade de notar o que acontece ao seu redor. No asfalto, pode trazer riscos.
“Essa é a quarta causa de acidentes”, avisa Dirceu Rodrigues Alves, diretor do Departamento de Medicina Ocupacional da Abramet (Associação Brasileira de Medicina de Tráfego).
O motorista perde a consciência da direção ao tentar dividir a atenção com o aparelho. “Desvia-se de tal maneira do ambiente que, após desligar, se perguntar por onde a pessoa passou, ela não sabe informar.”
Nos EUA, segue Alves, estatísticas apontam maior incidência de acidentes mesmo depois do fim da ligação ou do envio e recebimento de mensagens. “Dependendo do assunto, a conversa vai estar na cabeça por alguns minutos ou segundos, e o motorista, desconectado da direção.”
Em São Paulo, a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) não dispõe de estudos a respeito de quantos motoristas se envolvem em acidentes enquanto usam o celular.
A infração é a quarta mais cometida, atrás de desrespeito ao rodízio, excesso de velocidade e estacionamento irregular. Nas marginais Tietê e Pinheiros, é a campeã entre as irregularidades flagradas por PMs.
O total de multas relacionadas ao uso do celular ao volante aplicadas anualmente na cidade saltou de 223 mil para 473 mil, entre 2006 e 2010. E, no ano passado, pela primeira vez, caiu para 461 mil. O motivo não foi comentado pela CET. Uma das hipóteses é que motoristas estejam cada vez mais hábeis no ato de usar o celular escondido. Outra, a de que deixou de estar entre as prioridades da fiscalização.
Donos de smartphones admitem: não dirigem sem o aparelho. “Quando estou no carro, vou vendo meu Facebook, porque no trabalho não dá”, diz Thiago Iamnhuque. “Todo mundo usa no carro”, concorda Lucas Cimino, 23.
Novidade
Os preços de acesso à internet por meio do telefone caíram substancialmente do ano passado para cá. Em planos pré-pagos, é possível se conectar com apenas R$ 0,50 por dia. Em pós-pagos, a partir de R$ 6 por mês (plano de 100 MBytes). Na avaliação do diretor de Produtos e Mobilidade da Oi, Roberto Guenzburguer, o custo do serviço no país atingiu o mesmo patamar do oferecido lá fora. “Agora, os smartphones ainda são caros aqui por conta da carga tributária”, queixa-se.
Na operadora, o volume de linhas pós-pagas com tecnologia 3G cresceu de 3%, em janeiro de 2010, para 42%, em março deste ano. “A faixa de 25 a 35 anos é a que concentra mais smartphones”, continua. “Mas tem o mais jovem, o mais experiente, o executivo. O jovem naturalmente vai ser atraído, pois a tecnologia tem mais facilidade para ele.”
O smartphone avança na direção de todas as idades, transformando os hábitos na sociedade. “Só vamos entender isso melhor quando a geração criada nesse contexto atual chegar aos seus 40 anos”, diz o psiquiatra Raphael Boechat, da UnB. A necessidade de se combater excessos é inquestionável, no entanto. “Mas não dá para querer se alienar e dizer ‘não vou ter internet, não vou ter celular’”, acrescenta Boechat.
A cautela é defendida como meio de atravessar essa fase de incertezas a respeito do que pode ser considerado certo ou errado, como trocar mensagens durante reuniões de trabalho ou sacar o celular para navegar na internet em meio ao encontro entre amigos.
“Como a tecnologia é muito nova, não temos muita ética no sentido de termos sido orientados sobre como nos conduzirmos”, afirma a psicóloga Luciana Ruffo, da PUC-SP. “Estamos no meio do caminho. É um limbo ainda."
FONTE:
http://www.4md.com.br/uso-de-internet-pelo-celular-cresce-e-muda-habitos-da-populacao
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Quando começou o 1º programa de televisão, as famílias que jantavam juntas e colocava a conversas em dia, saíram da mesa do jantar para ir ficar na frente da tv. Com o computador começou o distanciamento das pessoas dentro do mesmo espaço, o celular, no caso o smartphone, nada mais é do que o computador, está sendo usado para diminuir as distancias dos que estão longe e aumentar a distancia dos que estão perto. O homem ainda não sabe priorizar o momento presente e as emoções que só encontra no convívio pessoal pode dar. Sandra Rosa
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