A mão ativa o cérebro
A palavra escrita no papel está ameaçada de extinção pelo computador - e isso pode não ser bom para o ensino
O hábito da escrita vem caindo em desuso à medida que o computador se dissemina
O momento em que o homem começou a expressar-se por meio da escrita,
gravando caracteres em tabletas de argila há cerca de 5 000 anos, marca
o fim da pré-história e a pedra fundamental das civilizações tal como as
conhecemos hoje. Mas a maneira como desde então a humanidade vem
perpetuando sua memória e transmitindo conhecimento de uma geração para
outra pode virar peça de museu. Na semana passada, uma decisão tomada
nos Estados Unidos veio reforçar essa ideia que tanto atormenta os (cada
vez mais raros) entusiastas do lápis e do papel. Em ato inédito, o
governo do estado de Indiana desobrigou as escolas de ensinar a escrita
cursiva (aquela em que as letras são emendadas umas nas outras) e
recomendou que elas passassem a dedicar-se mais à digitação em teclados
de computador - decisão que deve ser acompanhada por outros quarenta
estados seguidores do mesmo currículo. Oficializa-se com isso algo que,
na prática, já se percebe de forma acentuada, inclusive no Brasil. Diz a
VEJA o especialista americano Mark Warschauer, professor da
Universidade da Califórnia: "Ter destreza no computador tornou-se um bem
infinitamente mais valioso do que produzir uma boa letra".Ninguém de bom-senso discorda disso. Um conjunto recente de pesquisas na
área da neurociência, no entanto, sugere uma reflexão acerca dos
efeitos devastadores do computador sobre a tradição da escrita em papel.
Por meio da observação do cérebro de crianças e adultos, verificou-se
de forma bastante clara que a escrita de próprio punho provoca uma
atividade significativamente mais intensa que a da digitação na região
dedicada ao processamento das informações armazenadas na memória (o
córtex pré-frontal), o que tem conexão direta com a elaboração e a
expressão de ideias.
http://educarparacrescer.abril.com.br/aprendizagem/mao-ativa-cerebro-635803.shtml
Postado por Sandra Rosa
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